top of page

Um pouco de reflexão sobre minhas primeiras impressões

Atualizado: 13 de out.




ree

Foto: Tim Mossholder


O novo edital lançado pelo Fundo Setorial do Audiovisual destina seus recursos a projetos que estão prontos para serem executados, mas aos quais falta ainda um percentual de recursos para que eles possam completar as necessidades financeiras que cada um dos projetos requer. Desta forma o FSA se compromete a investir com até no máximo R$ 3.000.000,00. Boa parte destes recursos (40%) se destinam a empresas fora do eixo Rio-São Paulo como prevê a legislação.


As Regras

As regras exigem e consideram em princípio três agentes do mercado para uma pontuação: a produtora, a distribuidora e o diretor da obra. Cada um com pesos diferentes, mas todos eles levam em consideração o número e a performance das obras de cada gente, exceto no caso do distribuidor, em que não é levada em conta a performance das obras em festivais denominados com AA, A, B, C etc. conforme regra que já vigia para alguns editais anteriores.


Aliás este edital leva em consideração as mesmas regras de 2018, no que diz respeito a pontuação da obra e de seus produtores, distribuidores e diretores, ou seja a tendência para a escolha das obras de longa metragem é que sejam obras para o mercado comercial de salas de exibição, já que exigem um distribuidor(45%), produtor (40%) e por último diretor(15%), que sejam bem pontuados para que sua nota seja acima da nota de corte (5) e permita que se passe para a fase de análise do projeto, momento em que a pontuação volta a zero para todos, para que haja uma nova concorrência, agora feita por uma comissão.


Entendo que este critério de notas e de competência comercial deveria ser aplicada a projetos de séries para TV, mas o longa metragem é uma outra coisa. Sim, podemos ter uma larga gama de filmes de longa metragem comerciais (dramas, comedias, terror, infantil). Mas para serem exibidos onde? Em que salas? Quantos filmes conseguem ficar mais de uma semana em cartaz? Fazendo uma conta se todos os filmes pedirem o máximo (o que é improvável) teríamos 33 filmes de longa-metragem. Será que existe espaço para 33 filmes num mercado como o de salas na situação em que o nosso mercado se encontra?


São perguntas que me faço sem ter qualquer certeza. Mas na minha intuição a restrição de ter como primeira janela a sala de exibição só poderia dar certo se tivéssemos um outro tipo de legislação, como tem a França, por exemplo. Uma legislação que combine a regulação do VoD com proteção aos filmes para salas de exibição.


Por outro lado é importante manter a linguagem cinematográfica viva. E esta linguagem erstá na produção independente, menos comprometida em sua composição societária e financeira com grandes corporações, ou seja os chamados filmes “de arte”. Que o mercado só descobre depois de passar por alguns ou vários festivais. Este é o filme de autor. Estes, não são os filmes que vejo chegar ao ponto de serem contemplados neste edital.


E quando falamos das produtoras de fora do eixo Rio-São Paulo, será que estas conseguem distribuidores que pontuem ao menos 20%, com diretores que já pontuem 7,5% e que suas produtoras pontuem 30%? Difícil!

Mas vamos ver quando saírem os resultados!

Por enquanto parabéns à ANCINE por termos este edital.

Que venham muitos, mas com mais diversidade do que este me parece conter.


Vera Zaverucha

jan/2021

 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

SOBRE A VERA 

Com mais de 30 anos de experiência na área pública, Vera ocupou diferentes cargos nas principais instituições responsáveis pelas políticas públicas para o audiovisual e pelo financiamento do setor cinematográfico no Brasil
De forma didática e clara,
Vera consegue aproximar o conteúdo para diferentes públicos e ajudar aqueles que buscam se reciclar ou querem conhecer mais sobre a área. 

bottom of page