Cultura e Industria. Não são excludentes! Mas são diferentes!
Foto de Nacho Domínguez Argenta na Unsplash
Cultura e Industria. Não são excludentes! Mas são diferentes!
Tanto a Industria Audiovisual, quanto o que eu chamo aqui de "Dever de Estado " (preservação, Formação, Pautas identitárias, obras autorais, curtas, documentários, entre outros) precisam ser tratados de formas distintas. Isto não significa que não haja interseções entre elas duas. Claro que há. Os filmes podem e devem circular em todos os mercados, diferentemente do que acontece.
Mas como já diziam os sábios o fazer cinema é sempre fazer um protótipo. Tanto quando fazemos um filme, que não esperávamos tanto sucesso de público, mas que por sorte foi descoberto por algum distribuidor, em algum festival de cinema e que acaba indo para o mercado, quanto aquele que esperávamos ser um grande sucesso e que foi um simples fracasso. Se não fosse assim Hollywood não teria errado tanto em tantos filmes.
É inadmissível, a meu ver, pensar que um festival deva cobrar ingressos para o público assistir palestras para pagar os recursos advindos do Fundo Setorial, que por ter recursos apenas de investimento, devem ser retornados ao próprio fundo. Assim como é inadmissível que filmes que são destinados ao mercado, tenham financiamentos com as mesmas regras que os filmes que vou aqui chamar de “autorais”.
Acredito que enquanto esta contradição continuar a existir, ou seja, um recurso único gerido pela ANCINE, com regras de investimento, não haverá chances de realmente atender o que acima chamei de “Dever de Estado”.
Ouso então dizer que a melhor solução seria que parte dos recursos da CIDE- CONDECINE (Contribuição para o Desenvolvimento da Industria Cinematográfica Nacional) que compõe o Fundo Setorial do Audiovisual – FSA, que recolhe anualmente cerca de 1 bilhão e 200 milhões de Reais seja transformado no Orçamento da União em recursos a fundo perdido.
1. Esse conjunto de atividades de “Dever de Estado” seria gerida pela Secretaria do Audiovisual, com as políticas públicas estabelecidas pelo MinC, com estes recursos transdferidos à ela, e que penso, deveria ser fortalecida com mais pessoal e uma melhor estrutura, já que hoje conta apenas com duas diretorias – uma de preservação e a outra de formação.
2. A outra parte dos recursos seria então gerida pela Ancine em parceriade coinvestimentos com o BNDES, que acaba de indicar o ex-Ministro da Cultura Juca Ferreira para desenvolver o Setor de Economia Criativa, com regras e financiamentos aplicáveis aos setores de produção, distribuição e exibição em todos os segmentos de mercado, sem que haja a necessidade de fazer arranjos na disponibilização destes recursos para que o “cinema autoral” seja contemplado com regras similares aos filmes de mercado.
Lembrando aqui que ao começar este texto falei de interseção entre as duas vertentes da produção. Mas cada uma destas vertentes tem méritos distintos. E para julgar mérito temos que usar parâmetros diferentes. Ou seja um conjunto de ações que devemser pensadas de forma articulada
Acredito que este Governo, que nos dá esperanças, quer criar uma verdadeira Indústria do Audiovisual vigorosa que viaje pelo mundo afora como os coreanos fizeram, investindo na indústria audiovisual, quando então empregos, impostos e renda foram gerados, fora a cultura, hábitos e costumes que agora se apresentam ao mundo.
Acredito que este governo entende a importância do Audiovisual em todas as suas dimensões.
Essa é então a hora de separar o que é diferente e com isso não cometer os mesmos erros do passado, onde nenhuma destas vertentes do audiovisual foi efetivamente contemplado em sua plenitude.
Separar a uva branca da uva vermelhas precisa acontecer agora. Agora ou nunca eu diria.
Vera Zaverucha
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