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Em defesa da produção independente


Estou indignada e perplexa...

As novas regras de pontuação do edital que foi lançado pelo FSA são extremamente concentradoras Concentradora nas grandes distribuidoras brasileiras que na verdade são apenas duas. Mesmo as produtoras grandes ficarão reféns destas duas distribuidoras. O edital de R$ 150 milhões permite que 30% de cada uma das modalidades sejam destinados a projetos que tenham uma mesma distribuidora . Como temos apenas duas grandes, pressupomos que caberá a elas a escolha de projetos que juntos somarão um investimento do FSA de cerca de R$ 90 milhões .

A produção independente realizada com intenção de mercado, mas não prioritariamente de mercado (aquela direcionada a nichos , festivais, e mesmo circuito mais restritos porque o mercado não deixa que estes filmes entrem nas salas comerciais) ficou confinada a um único edital - Edital de produção concurso, já lançado e com inscrições encerradas.

É realmente esta a politica que o Estado quer para o cinema brasileiro? E todas as questões colocadas no regulamento geral do PRODAV, tais como a expansão da produção independente de conteúdos audiovisuais, diversidade de gêneros, formatos, autores, públicos-alvo ?

Não tenho problemas com os filmes que este edital promoverá, mas será que são apenas estes que queremos? Será que trabalhei 33 anos ajudando a construir politicas publicas e no final morreremos na praia criando um sistema extremamente concentrador?

Fora isto todos os erros que constam no novo edital, como por exemplo o item 11.3.2 que pressupõe um concurso e não fluxo contínuo como está dito no nome do edital. Erro que poderia levar o edital a ser anulado já que erra por não estabelecer como será a pontuação de cada um dos elos da cadeia, distribuidor, diretor e produtor, ou seja quanto vale para um diretor ter dirigido 20 ou 10 ou 1 filme. Quanto vale para uma produtora ter produzido 1 filme com 6 milhões de espectadores e outa ter produzido 10 filmes com o mesmo numero de espectadores? Quanto vale para um distribuidor ter investido zero e ter tido no filme um publico igual a um distribuidor que gastou fortunas e conseguiu o mesmo numero de espectadores?

Pontuar profissionais não é assim, como neste novo "método inovador" que o FSA vem propagando na página da Ancine!

Mas isso tudo é mero detalhe. O que tem que se discutir é a ideologia por trás deste edital e se quem faz cinema brasileiro está de acordo com ela.

Photo by Gabriel Matula on Unsplash

SOBRE A VERA 

Com mais de 30 anos de experiência na área pública, Vera ocupou diferentes cargos nas principais instituições responsáveis pelas políticas públicas para o audiovisual e pelo financiamento do setor cinematográfico no Brasil
De forma didática e clara,
Vera consegue aproximar o conteúdo para diferentes públicos e ajudar aqueles que buscam se reciclar ou querem conhecer mais sobre a área. 

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